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terça-feira, 1 de junho de 2010

O papel das Lan Houses na Inclusão Digital

Lan House
 
 
Lan House, muito semelhante ao Cyber Café, tem como definição qualquer estabelecimento comercial onde pessoas possam pagar para utilizar um computador com acesso à internet em uma rede local, com finalidade de acessar a informação de forma rápida pela rede e para o entretenimento através dos jogos. É um centro de entretenimento, educação e cultura. LAN significa Local Area Network, ou seja, rede local de computadores. São espaços onde se encontram as novas tendências da tecnologia digital e da comunicação interativa.
O custo para o acesso aos equipamentos das lan houses é muito baixo. Geralmente varia entre R$ 3,00 a R$ 1,00 a hora de uso. O que coloca em questão a acessibilidade das pessoas de baixa renda aos equipamentos de informática caros, sobretudo, ao manuseio de aplicativos e ferramentas de computadores de última geração que custam em média de R$ 1.500,00 a R$ 5.000,00.
Mais do que uma casa de jogos, uma Lan House bem estruturada tem papel fundamental na sociedade, pois oferece o acesso ao mundo da tecnologia de forma democrática. Trata-se de um local que propicia lazer, oportunidades, educação e cultura a pessoas de todas as idades. As Lan Houses também são ferramentas no processo de inclusão digital.
Hoje, as lan houses concentram mais de 35% dos acessos à internet no Brasil, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As lan houses estão no segundo lugar no ranking de locais de acesso, ultrapassando o local de trabalho, que antes ocupava esta posição. Levando-se em conta os dados do Comitê Gestor de Internet no Brasil(CGI.br), em 2007, as Lan Houses foram responsáveis por quase 50% dos acessos a Internet no país. Já nas regiões, Norte e Nordeste, o índice é mais expressivo, chegando a quase 70% dos acessos. Segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil, a maioria dos acessos é de pessoas do sexo masculino, as classes C, D e E predominam, vendo assim como oportunidades de inclusão ao menos favorecidos no mundo da tecnologia.
No Brasil a primeira LAN house a existir foi a Monkey Paulista em São Paulo, que iniciou suas atividades em 1998. A empresa encerrou suas atividades em primeiro de abril de 2010.


Inclusão Digital
 
 
Inclusão Digital, diferentemente do que a maioria pensa, não é apenas ter um computador em casa, é algo muito além disso. Inclusão Digital é democratização do acesso às tecnologias da Informação, de forma a permitir a inserção de todos na sociedade da informação.Uma pessoa incluída digitalmente não é aquela que apenas utiliza o mundo digital, para trocar e-mails, mas aquele que usufrui desse suporte para melhorar as suas condições de vida.
A Inclusão Digital, para acontecer, precisa de três instrumentos básicos que são: computador, acesso à rede e o domínio dessas ferramentas pois não basta apenas o cidadão possuir um simples computador conectado à internet que iremos considerar ele, um incluído digitalmente. Ele precisa saber o que fazer com essas ferramentas.
Entre as estratégias inclusivas estão projetos e ações que facilitam o acesso de pessoas de baixa renda às Tecnologias da Informação e Comunicação. A inclusão digital volta-se também para o desenvolvimento de tecnologias que ampliem a acessibilidade para usuários com deficiência.
Dessa forma, toda a sociedade pode ter acesso a informações disponíveis na Internet, e assim produzir e disseminar conhecimento. A inclusão digital insere-se num movimento maior que é a inclusão social, um dos grandes objetivos compartilhados por diversos governos ao redor do mundo nas últimas décadas.
 
Inclusão Digital no Brasil
 
Dentro dessa perspectiva, o Brasil vem buscando desenvolver diversas ações, visando à inclusão digital como parte da visão de sociedade inclusiva. Desde que entrou em prática, no final de novembro de 2005, o projeto de inclusão digital do governo federal, Computador para Todos - Projeto Cidadão Conectado registrou mais de 19 mil máquinas financiadas até meados de janeiro de 2006.
Após esse programa, foi criado no Brasil, em 2006, um programa para criação de Telecentros, que construiu por todo o Brasil 6000 unidades. Cada Telecentro fornecia à população computadores conectados à internet banda larga, com acesso gratuito para a população local. Além do acesso livre, ofereciam oficinas e cursos de informática básica. Tudo funcionando com softwares livres.
Outros programas para Acesso a Internet também foram feitos. Em novembro de 2009, o Ministério das Comunicações entregou ao presidente Lula, estudos que prevêem a criação de um plano nacional de banda larga. A idéia é reunir R$ 75 bilhões em investimentos públicos e privados nas redes de telefonia até 2014 e levar banda larga de pelo menos 1Mbps a todos os municípios brasileiros por preços acessíveis pelas populações de baixa renda.
O centro do plano é usar redes de fibra óptica que já existem pelo país, mas estão ociosas e criar conexões com redes móveis para atender zonas rurais e municípios afastados dos grandes centros. O principal debate, no momento, é qual o melhor modelo para gerir os investimentos nesta rede. Disputam pelo menos três idéias, uma que prevê a criação de uma grande estatal, sob o nome da Telebrás, para fornecer banda larga, outra que prevê a entrega das redes públicas à iniciativa privada e um terceiro modelo, que prevê conjugar empresas públicas e privadas para administrar a nova rede.
O objetivo desse plano é organizar investimentos públicos e privados para aumentar a concorrência no setor de banda larga nas grandes cidades e levar internet até os municípios que não contam com serviço de qualidade.
A meta é conectar à internet 50% dos domicílios brasileiros até 2014 o que permitiria que mais de 90 milhões de brasileiros tenham internet em casa, além daqueles pode podem usar a internet no trabalho, em escolas e centros públicos. De acordo com o Ministério das Comunicações, atualmente 17,8% dos domicílios têm acesso à internet.


O papel das Lan Houses nos Bairros
 
Esse assunto é bastante questionado, quando relacionado com a Inclusão Digital. Há os que acreditam que a Lan House é muito importante nesse processo inclusivo e há aqueles que não acreditam nisso. Abordaremos no trabalho os dois lados dessa questão:
 
Lan House favorece a Inclusão Digital

A revolução que os computadores e a web trouxeram para a humanidade ainda não é acessada pela maior parte da população. Para driblar esse cenário, a maioria das comunidades pobres vem fazendo a própria inclusão digital por meio das lan houses.
Uma pesquisa do CGI (Comitê Gestor da Internet no Brasil) mostra que, em 2008, 47% da população urbana acessou a internet pela lan house. Na área rural, o número é mais expressivo, 58%. Outro fator revelado nas pesquisas é que as lan houses correspondem a 82% do total de acesso a web das classes C, D e E o que nos mostra que as lan houses realizam a inclusão digital no Brasil. Observando os dados da pesquisa olhando para as regiões, esses números se tornam mais relevantes: 44% no Sudeste, 68% no Nordeste, 31% no Sul, 66% no Norte e 42% no Centro-Oeste.
Esse fenômeno é mais presente em famílias de baixa renda e de menor grau de instrução. “Como o custo do acesso à internet é elevado, as lan houses são opções viáveis”, afirma o gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação, Alexandre Barbosa.
Para o professor da USP Gilson Schwartz, o uso da Lan house como meio de inclusão digital começou a despontar recentemente e foi motivado por dois fatores principais: a facilidade no crédito para adquirir computadores e a ausência de políticas públicas para a inclusão digital. “A inclusão digital passa a ser feita pelas pessoas, pelas pequenas empresas. Elas vão resolvendo o que o governo não consegue resolver”, diz Schwartz.
Em março de 2009, o até então Ministro da Cultura, Gilberto Gil, afirmou que a Internet está contribuindo para a redução da violência nas favelas do Rio de Janeiro. Segundo Gil, o surgimento de dezenas de lan houses em áreas carentes atrai os jovens e os afasta do tráfico de drogas. Com o crescimento do número de lan houses algumas coisas vão substituindo outras. Antes grupos se juntavam e ficavam conversando hoje esses mesmos grupos vão à lan houses e ficam conversando. Um caso real foi de dois jovens de duas favelas rivais que se conheceram pela internet acessada das lan houses e se casaram. Isso era algo impensável há tempos atrás, pois como eles poderiam se conhecer nesse caso? Com isso observamos o papel importantíssimo das lan houses nas comunidades no processo de socialização de pessoas de comunidades diferentes.

Lan House não interfere na Inclusão Digital
 
As lan houses podem colaborar para o processo de digitalização da sociedade, mas não é a solução para a inclusão digital entre a população de baixa renda, segundo o sociólogo, Sérgio Amadeu.
Amadeu, autor do livro Exclusão Digital: A Miséria na Era da Informação, ressalta o caráter comercial da lan houses, que seria um impeditivo para a inclusão digital. Segundo ele, nas áreas de predominância das classes D e E da população “as pessoas não tem o mínimo nem para assegurar a sua sobrevivência, quanto mais para pagar R$ 1 ou R$ 2 para acessar a internet”.
Para o sociólogo essa seria a principal limitação para que as lan houses participassem de forma efetiva do processo de inclusão digital nas camadas mais pobres da sociedade. “Em algumas áreas de classe média-baixa, ela pode também cumprir um papel de assegurar o acesso, mas está bem distante das possibilidades de criar inserção nas áreas de grande pobreza”, afirmou. “Daí a necessidade de possuirmos programas de inclusão digital que sejam gratuitos, como os Telecentros”, afirma Amadeu.
Amadeu acredita que as lan houses devem ser incentivadas pelo governo, por serem empreendimentos que podem gerar empregos. No entanto, para ele, a inclusão digital significa também capacitação do usuário para trabalhar com as ferramentas disponíveis na rede, o que não ocorre numa lan house.
Além desse problema do capitalismo das lan houses, podemos encontrar outro fator que desestimula o uso das lan houses como meio de inclusão digital. Isso seriam os crimes cometidos através da internet, que é muito freqüente em lan houses. Normalmente esses crimes são pedofilia e falsificação de documentos.
Visando acabarem com esses problemas, algumas autoridades políticas, criaram projetos de lei específicos, como, por exemplo, o do Recife, que obriga os usuários de lan houses da capital a se identificar e fazer um cadastro para usar os computadores. Isso é uma lei municipal que entrou em vigor em 2009 e mudou a regra de funcionamento desses estabelecimentos. A multa para quem descumprir a lei varia de R$ 500 a R$ 3 mil.
Qualquer cadastro deve conter o numero da identidade, CPF, endereço e telefone de todos os usuários, além disso, deve conter também o horário em que o terminal foi acessado. Esses dados têm que ficar armazenados pelo menos durante um ano e serão mantidos em sigilo. Só a polícia, o Ministério Público e a Justiça terão acesso ao cadastro dos clientes, mesmo assim em caso de investigação.
Atualmente, basta pagar uma taxa de permanência e o cliente da lan house pode navegar pela rede, sem restrição. E até então, sem precisar se identificar. Esse projeto não vem sendo cumprido porque pelo projeto original, a fiscalização deveria ficar a cargo do Poder Executivo, porém o prefeito João da Costa vetou o artigo que trata desta questão. E como esse parágrafo foi vetado o processo fiscalização não vem sendo ocorrido

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